“Essa situação de toda terça-feira de manhã, quando nós pegamos o avião, um vôo com 38 homens e apenas eu de mulher, é o retrato objetivo do grau de dificuldade da mulher na política”, disse a deputada, ao se referir à sua condição de única deputada federal da Bahia. Alice falou sobre a tripla jornada da mulher e a luta constante para se desdobrar entre as muitas atividades da mulher contemporânea.
A deputada, que dividiu a bancada na rádio Cruzeiro com o deputado Luiz Alberto (PT/BA), lembrou que, apesar de estarem completamente integradas ao mercado de trabalho e competirem em igualdade de condições com o sexo masculino, as mulheres ainda ganham menos para exercer a mesma função. “A massa salarial da mulher é 37% menor do que a massa dos homens para funções iguais, segundo o IBGE”, afirmou Alice, ao enfatizar que “essa é a mais antiga forma de discriminação que a humanidade tem notícias”.
“Nós defendemos que a mulher participe, que a mulher tome partido, que se coloque. Porque não é possível que nessa Bahia , terra de mulheres fortes, só tenha uma que tenha condição de ser deputada federal e que só tenhamos uma senadora, desde história da Proclamação da República”, disse Alice.
Cotas para mulheres
A deputada parabenizou o colega Luiz Alberto pela aprovação, na Comissão de Constituição e Justiça ( CCJ ), da PEC 116/2011, de sua autoria, que determina que o eleitor destine, além do voto às demais vagas, um voto específico para o preenchimento da cota para negros. “Luiz Alberto puxou o gatilho para que outras inciativas desta natureza tomem corpo no Congresso”, considerou, lembrando do projeto que prevê cotas para bancada indígena.
Alice esclareceu que estava aguardando a Reforma Política para propor no Congresso um sistema de cotas efetivo para mulheres, mas, com a derrocada da reforma, ela vai propor imediatamente mecanismos para assegurar uma maior participação feminina na política. “Eu vou entrar esta semana com uma PEC para garantir a paridade entre homens e mulheres no Congresso Nacional”, anunciou. “Nós estamos no 171° lugar no ranking mundial de participação da mulher na política”, frisou.
Reforma Política
Ao comentar a Reforma Política, Alice lamentou o fato de o projeto ter sido derrotado no Congresso e considerou que a mini reforma política que foi votada favoreceu ainda mais os parlamentares financiados pelo poder econômico. “Nós temos de banir o financiamento empresarial. O empresário pode contribuir como pessoa física, mas outra coisa é uma estrutura empresarial, que tem interesses, financiar, para cobrar depois que esse deputado seja um office boy”, ironizou.
PL 4330, da “precarização”
Questionada por Moisés Bisesti sobre a sua posição em relação ao PL 4330, da terceirização, Alice colocou-se como “diametralmente contra” a proposta. “Esse projeto precariza o trabalho, proporciona uma quebra de vínculos, lamentavelmente desregulamenta o trabalho. Esse PL arrebenta os direitos trabalhistas que a nossa geração tanto lutou para construir. Votarei contra, faço campanha contra e denunciarei sempre’, argumentou a deputada.
Ao fazer uma balanço do ano legislativo, Alice considerou que muitas coisas importantes foram votadas no Congresso este ano, mas destacou a votação dos 50% dos royalties. “Isso é uma coisa histórica e era para ter estado em todas as primeiras páginas dos jornais”. Alice ressaltou ainda a votação dos 10% do PIB para a Educação e o Plano Nacional da Educação (PNE), que aguarda votação no Senado Federal.
De Salvador,
Susana Hamilton