Alice Portugal defende aumento do prazo de prescrição dos crimes sexuais praticados contra crianças e adolescentesO estudo, coordenado pelo pesquisador Miguel Fontes, do Serviço Social da Indústria (Sesi), foi divulgado durante o seminário internacional Turismo Sexual Envolvendo Crianças e Grandes Eventos Esportivos, que reuniu organizações de luta contra a exploração sexual infantil e profissionais do setor de viagens de diversos países.

O pesquisador Miguel Fontes, que além de atuar na área de pesquisas estratégicas do Sesi está ligado à Universidade John Hopkins, analisou a relação existente entre o número de entradas de turistas estrangeiros em São Paulo e na Bahia de 2008 a 2010 e o total de denúncias de exploração sexual infantil nos dois estados no período.

"Na Bahia, onde o turismo é de lazer, os resultados demonstram que para cada 372 turistas internacionais, houve aumento de uma denúncia de exploração sexual de crianças. Em São Paulo, onde o turismo de negócios é maior, somente com o aumento de 2,5 mil turistas se detecta o aumento de uma denúncia de exploração sexual infantil", diz Fontes.

"A exploração sexual de crianças e adolescentes está ligada às atividades turísticas de lazer, por isso podemos projetar que a realização de grandes eventos esportivos mundiais, ao promover um aumento do fluxo de pessoas [para o Brasil], pode ampliar o número de casos desse tipo". Segundo Fontes, as crianças exploradas sexualmente no Brasil têm por volta de 11 anos em média. As meninas representam quatro de cada cinco casos de denúncias e a Região Nordeste concentra 37% dos casos.

Durante o evento, a organização ECPAT (sigla em inglês para Fim da Prostituição e do Tráfico de Crianças para Fins Sexuais) também anunciou que lançará, com apoio do Sesi, uma campanha internacional para prevenir o agravamento do problema durante os Jogos e a Copa do Mundo no Brasil.

O Ministério do Turismo do Brasil prevê 600 mil turistas estrangeiros e 5 milhões de visitantes brasileiros só durante a Copa do Mundo em 2014. "O grande fluxo de pessoas aumenta as possibilidades de exploração sexual de crianças. A miséria cria a oferta de menores e as redes mafiosas vão querer suprir a demanda", diz Jair Meneguelli, presidente do Conselho Nacional do Sesi.

Alice Portugal considera que a lei deve ser mais rigorosa na punição de crimes sexuais contra menores e defende a aprovação de  projeto de lei que aumenta o prazo de prescrição desses crimes. A deputada alerta  que muitas crianças são abordadas a partir de contatos virtuais. Segundo ela, pesquisa americana dá conta que, de cada cinco crianças que navegam na internet, uma já foi abordada por um pedófilo, e que, de cada 33 que navegam na internet, uma já se comunicou por telefone e recebeu passagem ou dinheiro para se encontrar com o criminoso.  “O comércio da pedofilia gira em torno de 5 bilhões de dólares ao ano. Quem não conhece esse dado acha que é apenas uma rede simples, mas a Internet facilitou esse comércio. Por isso precisamos desse rigor da lei”, enfatizou  a deputada.

A campanha da ECPAT, intitulada Não Desvie o Olhar, prevê vídeos e pôsteres que serão exibidos em aeroportos, aviões, agências de viagens, bares, restaurantes e outros espaços públicos em dez países da Europa e também no Brasil. Também prevê a criação de um site europeu para denúncias. A campanha custará 3 milhões de euros, que serão financiados principalmente por recursos da União Europeia.

De Salvador,

Susana Hamilton

Fonte: Agência Brasil

Pin It on Pinterest

Alice Portugal - Deputada Federal
Alice Portugal defende aumento do prazo de prescrição dos crimes sexuais praticados contra crianças e adolescentes
Compartilhe!