
Parlamentar que iniciou a sua trajetória política na luta contra a ditadura, Alice considerou o requerimento de Bolsonaro um ultraje à democracia. “É motivo de repulsa para todos os democratas, defensores da democracia e das liberdades saber que, conforme este parlamentar tem divulgado na mídia, um dos convidados de tal sessão será o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que chefiou o DOI-Codi em São Paulo e é considerado um dos símbolos da tortura praticada pelos militares”, indignou-se.
Alice lembrou que, em novembro do ano passado, o Congresso Nacional anulou a sessão de abril de 1964 que declarou vaga a Presidência da República, no mandato de João Goulart , e suspendeu o Estado democrático de direito no País por 21 anos (1964-1985). “Como pode a Câmara dos Deputados ser protagonista do ato simbólico de devolução do mandato do presidente João Goulart num dia e no outro sediar as comemorações do golpe que o retirou?”, questionou.
Ao defender a livre expressão de opinião, Alice ponderou, entretanto, que a “Casa da democracia” não pode ser condescendente com atos ilegais. “ Aqui [na Câmara] podem conviver opiniões divergentes, que são livres e invioláveis quando proferidas por um parlamentar no exercício de seu mandato. Contudo, as dependências da Câmara dos Deputados não podem abrigar atos comemorativos de ilegalidades, como golpes de Estado, prisões arbitrárias, tortura, assassinatos de militantes adversários”, concluiu.