O evento foi iniciado na manhã da quinta-feira (12) com apresentação do coral da Assufba. Em seguida, o coordenador geral da instiuição, Renato Jorge, abriu os trabalhos, atualizando os presentes acerca das lutas da categoria e rememorando a trajetória do sindicato. O sindicalista destacou que hoje os servidores não são mais meros técnicos, mas têm um lugar de destaque na universidade, gozando, inclusive, de um lugar na Comissão da Verdade. “Essa comissão será histórica e nós temos nosso representante lá”, comemorou.
Durante a abertura, as falas dos convidados tiveram em comum o tom político que caracterizou o evento. Temas como expansão do ensino superior na Bahia; privatização dos hospitais universitários; políticas de cotas; grande imprensa conservadora; atuação sindical e outros sugeriam que somente através da política é possível transformar o País.
Sentaram-se à mesa, a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), os reitores da Ufba e da UFRB, Dora Leal Rosa e Paulo Gabriel Nacif, respectivamente, os dirigentes da CTB, Aurino Pedreira e Pascoal Carneiro, a chefe de gabinete da Setre, Olívia Santana, a presidenta da União de Estudantes da Bahia (UEB), Marianna Dias, e outros.
A voz do servidor
A deputada Alice Portugal saudou a mesa e destacou a sua composição, que, para ela, representou o presente e o futuro da luta pela educação e na defesa do sindicalismo na Bahia. Alice, que é servidora licenciada da Ufba, frisou o papel decisivo da Assufba na valorização do servidor dentro da universidade. “Quero ressaltar que os servidores técnico administrativos eram trabalhadores invisíveis. O servidor era um serviçal, sem direitos, considerado como uma sub-categoria na universidade. Sem dúvida, a criação da Assufba, há 33 anos, foi um advento na Ufba: nós passamos a ter voz”, asseverou.
Conhecedora da história da primeira universidade federal baiana, onde ingressou como estudante em 1977, Alice lembrou que a ditadura militar brasileira precarizou o trabalho na instituição, que passou a ter múltiplas formas de ingresso que prescindiam de concurso público, desvalorizando o trabalho dos servidores. A deputada reafirmou o papel dos técnicos na consolidação do ensino superior de qualidade. “A ciência da administração moderna diz que não há separação entre atividade meio e a atividade fim, porque é impossível se chegar ao objeto da vocação de uma instituição sem que ela tenha uma engrenagem azeitada e que funcione a serviço do seu objetivo estratégico”.
Olívia Santana enfatizou o papel da educação na construção da soberania do País e os avanços obtidos na área em apenas uma década. “Somente com a educação, com uma universidade que atualmente acolhe cada vez mais a nossa população, teremos um país soberano”, declarou.
Os reitores Dora Rosa e Paulo Gabriel reforçaram a necessária ligação entre área fim e área meio que deve permear a universidade. “A Apub [Associação de Professores Universitários da Bahia] e a Assufba são irmãs e devem caminhar lado a lado”, disse a reitora da Ufba. “Uma universidade não é feita só de professores e alunos”, complementou o reitor da UFRB, Paulo Gabriel.
Bahia em primeiro plano
Ao apontar os “desmandos” da mídia conservadora, Marianna Dias pontuou os avanços obtidos na educação no Brasil e o papel dos sindicatos e parlamentares ligados à área para se prosseguir com as conquistas. A presidenta da UEB enalteceu o papel da deputada Alice Portugal na educação do País. “Alice é a deputada da educação na Bahia, porque esta mulher está lá, arregaçando as mangas e lutando para botar a Bahia em primeiro plano na educação”.
Já o sindicalista Pascoal Carneiro discorreu sobre o papel da universidade pública para que o País se posicione como fornecedor de tecnologia no cenário mundial. “O Brasil tem a melhor tecnologia em exploração submarina de petróleo e de construção de viadutos e os engenheiros saíram das universidades públicas”, afirmou. Ao repudiar o PL 4330, da terceirização, o metalúrgico também alertou para a agenda conservadora que pauta o Congresso Nacional. Pascoal afirmou que as centrais sindicais lutaram sem sucesso para tirar a relatoria do projeto do deputado Artur Maia e entregá-la a Alice Portugal.
Caráter político
Presidente da CTB, Aurino Pedreira realçou o caráter político da abertura e destacou a missão da Assufba na construção de uma Bahia mais igualitária. “57% do PIB da Bahia é produzido por 10 cidades. A interiorização da universidade pode fazer esse perfil mais homogêneo. A Assufba foi, é e será um dos carros chefes desse processo”, apostou.
À tarde, os palestrantes Alice Portugal e Marcos Verlaine, jornalista do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), apresentaram respectivamente os temas Conjuntura Nacional e Agenda dos Trabalhadores do Serviço Público Federal no Congresso Nacional.
O evento prosseguiu durante toda a sexta-feira com palestras sobre expansão e autonomia universitárias e direitos do trabalhador. O congresso foi encerrado com a plenária da Assufba, ao fim da tarde de sexta-feira. À noite, os sindicalistas fizeram a sua confraternização de fim de ano.
De Salvador,
Susana Hamilton