
As vereadoras Angélica Sapucaia, Eliana Gonzaga, Maria Lúcia, Adriana Silva, Roquelina Rodrigues, Melissa Reina e a deputada Alice Portugal concordaram que a política é a ferramenta com potência para superar a dominação histórica da mulher. Todas engajadas na luta por conquistas sociais, as parlamentares emocionaram a plateia com as suas histórias de vida.
Dupla jornada
Em seu segundo mandato, a presidenta da Câmara de São Félix, Roquelina Rodrigues disse que para estar na política teve de enfrentar “forte resistência da família”. De forma bem-humorada, Roquelina contou como “driblou” a segunda jornada, conquistando “com jeitinho feminino” o comprometimento do marido na labuta doméstica: “Ah, amor, faça o almoço você mesmo, que hoje eu estou muito cansada”, gracejou.
Vereadora mais votada de São Félix, a enfermeira Melissa Reina, narrou a sua trajetória de trabalho no PSF. A vereadora disse que coube à mulher “fazer milhões de coisa ao mesmo tempo, sobretudo à mulher que optou por entrar na política”.
A vereadora Maria Lúcia, a Meire de Kakai, como é conhecida pela população local, defendeu a ideia de que a mulher dignifica a política. “Me sinto muito honrada, pois se fala muito em corrupção, mas isso não atinge a mulher. As mulheres não entram na política por dinheiro e sim porque são mais humanas “, argumentou .
Com vinte anos de atuação no sindicalismo rural, a vereadora Eliana Gonzaga, a Eliana do Sindicato, fez uma retrospectiva histórica da mulher na civilização ocidental. Para ela, a superação da dominação da mulher passa necessariamente pela ampliação da participação feminina na política. “Temos de eleger mais representantes do gênero”, opinou.
Georgina Rodrigues salientou que jamais presenciou um encontro dessa natureza na universidade . Para ela, “É muito importante o lado mulher das lideranças políticas. É muito importante esse olhar, esse jeito que a gente coloca nessas instituições”.
Identidade suprapartidária
Alice Portugal cumprimentou as vereadoras pelo “show” que deram em suas exposições. Ressaltando “a identidade suprapartidária” do evento que reuniu tantas parlamentares com histórias de vida diferentes na “defesa do que é ser mulher”. A deputada convidou a plateia a refletir sobre as razões que levaram a mulher a ser colocada em um papel secundário na história.
Alice remontou ao tempo da comuna primitiva, quando os filhos eram de toda a tribo, e o “homem coletor /caçador”, sentindo-se explorado por pares que supostamente produziam menos, resolveu caçar só para si e seus consanguíneos. “Isso determinou que a primeira cerca fosse erguida e a mulher capturada. Ela foi assim subalternizada: a maternidade a escravizou e a história a puniu”, enfatizou.
Secretária de Mulher do PCdoB e uma das principais articuladoras para aprovação da Lei Maria da Penha, Alice Portugal falou sobre a dupla jornada e defendeu políticas afirmativas para grupos que, como a mulher, tiveram os “direitos represados por tanto tempo”. A deputada é autora do PL 6653/09, que cria mecanismos para garantir a igualdade entre mulheres e homens nas relações de trabalho urbano e rural e cuja votação é uma das prioridades da bancada feminina na Câmara dos Deputados. “Uma sociedade não será emancipada enquanto a metade dela for tratada como um ser de segunda categoria”, concluiu.