A morte do jurista, educador e escritor baiano é imersa em circunstâncias obscuras. Candidato a uma vaga na Academia Brasileira de Letras, Anísio Teixeira desapareceu após sair de sua casa no Rio de Janeiro para uma visita protocolar ao imortal Aurélio Buarque de Holanda. Depois de muitas buscas, o seu corpo foi encontrado no fosso do elevador do prédio de Aurélio Buarque de Holanda sem sinais de hematomas que atestassem a queda. Ao invés disso, a necropsia constatou sinais de tortura, como ossos quebrados e traumatismos na cabeça e no ombro, provavelmente em decorrência de pancadas com objeto de forma cilíndrica, possivelmente feito de madeira.
Tal versão tornou-se pública na semana passada – 41 anos após a morte de Anísio Teixeira -, em Brasília, no momento em que a Comissão da Verdade foi instalada na UnB. Durante a cerimônia, o professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e biógrafo de Anísio Teixeira, João Augusto de Lima Rocha, anunciou que tinha conhecimento do assassinato, que lhe teria sido confidenciado, em relatos diferentes, pelo ex-governador da Bahia Luís Viana Filho e pelo professor e crítico literário Afrânio Coutinho. Luiz Viana teria dito a João Augusto que “Anísio não tinha morrido e estava detido em instalações da Aeronáutica no Rio.”
Titular de duas comissões que tratam da qualidade da educação pública no país (PL803510 e PL742006), Alice Portugal considera da maior relevância a elucidação das circunstâncias da morte daquele que defendia o ensino público, gratuito, laico e obrigatório. “Considerando-se a importância do educador Anísio Teixeira para a educação brasileira, é da maior relevância que a Comissão de Educação e Cultura promova uma sessão de audiência pública em parceria com a Comissão de Direitos Humanos e Minorias para discutir as novas evidências relacionadas com o possível assassinato do educador baiano”, afirmou.
A deputada requereu que participassem da audiência o filho de Anísio Teixeira, Carlos Antônio Teixeira; o professor João Augusto de Lima Rocha; a ministra da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Maria do Rosário Nunes, e o reitor da UnB, professor José Geraldo de Sousa Junior.